Integrantes de comissão do Correios que apura fraude em plano de saúde da estatal têm ligação com investigados
Mais de cinco meses após ter sido instaurada, a comissão responsável pela sindicância interna que apura irregularidades no plano de saúde do Correios ainda não chegou a conclusão alguma. Mas servidores da estatal apontam para ligações suspeitas entre funcionários do Departamento de Controle Disciplinar (Decod), que conduz a sindicância, e os investigados por fraudes em cirurgias pagas pela empresa.
De acordo com informações recebidas pelo Núcleo de Repressão a Crimes Postais, da Polícia Federal (PF), o chefe do Decod, Aristides dos Santos Andrade, teria sido indicado para a função por João Maurício Gomes da Silva, exonerado do cargo de assessor da direção regional do Correios no dia 28 de outubro, após ser indiciado por peculato (quando o funcionário público se apropria ou desvia dinheiro ou bem de que tem a posse em razão do cargo). Conhecido como Janjão, o carteiro e ex-sindicalista é acusado de fraudar o plano de saúde da empresa com a internação de sua mulher, dependente dele, que custou R$ 53 mil aos cofres públicos.
Outra funcionária que participa da sindicância no Decod, Simone Barboza Ramos, teve um relacionamento até pouco tempo com César Lobão da Silva, indiciado pela PF na sexta-feira, por formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema de informações. Somadas, as penas podem chegar a 27 anos de prisão e multa.
Lobão, amigo pessoal de Janjão há 16 anos, é carteiro e, em outubro de 2012, foi nomeado pelo diretor regional do Correios, Omar de Assis Moreira, para a função de supervisor. Na gerência de Saúde, ele era responsável pelo setor de OPME (órteses, próteses e materiais especiais), equipamentos usados no esquema de fraudes que, segundo investigações da PF, teria desviado pelo menos R$ 15 milhões dos cofres da estatal.
Com a descoberta das irregularidades, Lobão perdeu o cargo, em maio. Mas, 16 dias depois, ganhou outro. Sem passar por recrutamento interno, foi nomeado coordenador de Unidade Operacional no Centro de Tratamento de Cartas da Cidade Nova.
Sem apoio da empresa
Após descobrir, esta semana, que a cirurgia de que precisa para voltar a mastigar teve seu pagamento autorizado pelo ex-gerente de Saúde do Correios, Marcos da Silva Esteves, e constava como realizada para a empresa, o funcionário da estatal Aluísio José Rodrigues segue em busca da operação, por conta própria.
A direção do Correios informou que sugeriu ao funcionário que ele buscasse uma segunda opinião profissional e avaliasse também as opções de locais onde podem ser realizados os procedimentos autorizados.
— Vou ter que procurar outro médico e recomeçar do zero todo o processo — lamentou Aluísio.
O Hospital Espanhol enviou ao Correios, em dezembro de 2012, conta hospitalar referente à cirurgia que não aconteceu no valor de R$ 502.543. Um funcionário da estatal estranhou e não fez o pagamento.
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